domingo, 21 de setembro de 2008

a perspectiva cubista

De acordo com Pierre (1968), o cubismo corresponde ao desejo de uma ordem plástica que sucedesse à nebulosa incerteza do impressionismo. Ainda de acordo com esse autor, o cansaço produzido desde 1960 pelos excessos da pintura informal permite compreender a aspiração por uma arte mais serena, objetiva e equilibrada, a qual foi encarnada por Picasso melhor que ninguém.
Historicamente, o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas. O movimento ocorreu entre 1907 e 1914, tendo como principais fundadores Pablo Picasso e Georges Braque.
No princípio, como uma forma de reação ao Fauvismo, Picasso e Braque ignoraram as questões relacionadas à cor e concentraram suas pesquisas na forma, de acordo com Lynton (1966).
Segundo Pischel (1966), os cubistas repudiavam qualquer cópia ou imitação do objeto, uma vez que os sentidos deformam. Assim, era necessário eliminar tudo que se prendesse à sensibilidade subjetiva ou às limitações de um ponto de vista preestabelecido e fixo.
A perspectiva nova adotada pelo cubismo procurava captar a tridimensionalidade dos objetos sem, contudo, ferir a bidimensionalidade da tela (Lynton, 1966). Cézanne conseguia esse efeito com o uso da cor. Picasso e Braque o faziam mediante a fragmentação do objeto em vários planos de formas simples dispostas num espaço pictórico plano. Os artistas procuravam representar a natureza de acordo com formas geométricas.
O cubismo pode ser dividido em dois períodos: o analítico e o sintético. Durante sua fase analítica, o processo artístico introduzido tinha características destrutivas e recreativas, de acordo com Lynton (1966). A integridade individual dos objetos era destruída. Abandonou-se a tradição de um único ponto de vista, ao contrário, utilizavam vários ângulos de visão de um mesmo objeto. O resultado é o realce da função não-representativa das pinturas. O arranjo da composição é, de certa forma, tradicional, focando a atenção no meio da tela e diminuindo no sentido dos cantos. Em relação ao espaço pictórico, os cubistas diminuíam o espaço existente por trás da tela, parecendo projetar algumas das facetas para frente, penetrando no espaço real diante da tela. A fragmentação dos seres foi tão grande, que se tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas. A cor se reduzia aos tons de castanho, cinza e bege. (Lynton, 1966).
A segunda fase cubista, conhecida por cubismo sintético, teve início após a exposição futurista em Paris (1912). Nesta fase os artistas procuravam construir objetos, utilizando tinta e outros materiais, de modo efetivo sobre a tela. Foi uma forma de reação à excessiva fragmentação dos objetos e à destruição de sua estrutura. Também foi chamado de Colagem porque introduziu letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela intenção dos artistas em criar efeitos plásticos que ultrapassassem os limites das sensações visuais que a pintura sugeria, despertando também no observador as sensações táteis. (Lynton, 1966).

Obras de Picasso
Obras de Braque
Obra de Gris

Voltar

Nenhum comentário: