domingo, 21 de setembro de 2008

introdução

Este trabalho tem o intuito de identificar as mudanças na perspectiva da pintura na passagem para o Renascimento e, posteriormente, na passagem para o Cubismo.
Durante o Renascimento, não apenas a arte sofreu modificações, a sociedade inteira entrou em mudança. Duas grandes novidades marcam a pintura renascentista: a utilização da perspectiva, através da qual os artistas conseguem reproduzir em suas obras, espaços reais sobre uma superfície plana, dando a noção de profundidade e de volume, ajudados pelo jogo de cores que permitem destacar na obra os elementos mais importantes e obscurecer os elementos secundários, a variação de cores frias e quentes e o manejo da luz permitem criar distâncias e volumes que parecem ser copiados da realidade; e a utilização da tinta à óleo, que possibilitará a pintura sobre tela com uma qualidade maior, dando maior ênfase à realidade e maior durabilidade às obras. O Código Visual introduzido pelo renascimento perdurou até a eclosão do Fauvismo e Cubismo (1905-8).
As transformações que ocorreram no século XV podem ser comparadas às que ocorreram no século XX e levaram ao Cubismo: modificações no modo de viver e pensar do homem.
A pintura cubista tenta representar os objetos tridimensionalmente, numa superfície plana, sob formas geométricas, com o predomínio de linhas retas. Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos ou objetos. Simula-se um movimento em torno dos objetos, tendo uma visão de todos os ângulos visuais, por cima e por baixo, percebendo todos os planos e volumes. A pintura cubista tem as seguintes características: geometrização das formas e volumes; renúncia à perspectiva; o claro-escuro perde sua função; representação do volume colorido sobre superfícies planas; sensação de pintura escultórica; cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave.

Renascimento
Cubismo

Bibliografia



a perspectiva renascentista

O termo Renascimento é comumente aplicado à civilização européia que se desenvolveu entre 1300 e 1650. Além de reviver a antiga cultura greco-romana, ocorreram nesse período muitos progressos e incontáveis realizações no campo das artes, da literatura e das ciências, que superaram a herança clássica. O ideal do humanismo foi sem duvida o móvel desse progresso e tornou-se o próprio espírito do Renascimento. Trata-se de uma volta deliberada, que propunha a ressurreição consciente (o re-nascimento) do passado, considerado agora como fonte de inspiração e modelo de civilização. Num sentido amplo, esse ideal pode ser entendido como a valorização do homem (Humanismo) e da natureza, em oposição ao divino e ao sobrenatural, conceitos que haviam impregnado a cultura da Idade Média.
A pintura renascentista, no seu conjunto, é redutível ao surgimento ao surgimento de uma nova maneira de conceber a representação do espaço e forma em uma superfície plana. De acordo com Ribeiro (1977), essa novidade vem com a rejeição por completo da tradição medieval precedente, e origem bizantina, românica e gótica. Esse Código Visual introduzido pelo renascimento perdurou até a eclosão do Fauvismo e Cubismo (1905-8).
As transformações que ocorreram no século XV podem ser comparadas às que ocorreram no século XX e levaram ao Cubismo: modificações no modo de viver e pensar do homem.
A pintura do Renascimento, ainda de acordo com Ribeiro (1977), era de índole antropocêntrica, isto é, reflete o aparecimento do individualismo, a descoberta do homem e da natureza. Utiliza um sistema de representação perspectiva, buscando a matemática, revolucionando a forma de conceber o espaço e a forma.
Foi introduzido o sistema de perspectiva linear, como sistema de organização da superfície plana, no qual todos os elementos representados são considerados de um ponto de vista único.
Os artistas utilizavam os efeitos do claro-escuro, pintando algumas áreas iluminadas e outras na sombra, reforçando a sugestão de volume dos corpos. O homem não é mais visto como simples observador do mundo que expressa a grandeza de Deus, mas como a expressão mais grandiosa do próprio Deus. E o mundo é pensado como uma realidade a ser compreendida cientificamente, e não apenas admirada. (Letts, 1982).

A Santíssima Trindade com a Virgem S. João e doadores (1425-8)
O Retábulo de Gand (1432)
Os esponsais dos Arnolfini (1434)
Cristo caminhando sobre as águas (1444)
A Madona com o chanceler (1435)
Batista Sforza e Federico da Montefeltro (1472)
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Battista Sforza e federico da Montefeltro (1472)


Esta obra é atribuída a Piero della Francesca e retrata, em perfil, o duque Federico e sua esposa, reproduzidos com fidelidade, ainda que sem beleza. No fundo dos painéis, seus carros triunfais deslocam-se por vales e colinas reconhecíveis, celebrando as artes da guerra e a domesticidade que os dois retratados encarnaram em vida. (Letts, 1981).

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A Madona com o chanceler


Neste afresco, pela primeira vez na pintura italiana, tinah sido pintada uma paisagem reconhecível: os arredores de Siena. Van Eyck conservou seus personagens num primeiro plano, e ao fundo abre-se uma vista distante. (Letts, 1981).

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Cristo caminhando sobre as águas (1444)


Esta obra é de autoria de Konrad Witz e representa um panorama real de um lago, tendo ao fundo o monte Salève. É a representação de uma cena bíblica, porém em um local conhecido pelos moradores de Genebra, onde a obra estava exposta. (Letts, 1981).

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Os esponsais dos Arnolfini (1434)


Um dos retratos mais famosos realizado por van Eyck. O detalhamento empregado é tal, que nos dá a sensação de estarmos realmente frente ao casal. No espelho posicionado ao fundo do quarto pode-se ver a cena refletida por trás, bem como a imagem do pintor no momento da cena. (Gombrich, 1999).

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O retábulo de Gand (1432)



Essa obra de Jan van Eyck, assim como a cena pintada por Masaccio, traz a figura dos doadores pintada na cena. Nessa cena central observa-se árvores e cenas verdadeiras, no caminho da cidade e do castelo que são vistos ao longe. O artista mostrou grande cuidado ao detalhar cada um dos personagens dessa cena. Observa-se também que o ponto de fuga central está concentrado na arca do cordeiro. (Gombrich, 1999).

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A Santíssima Trindade com a Virgem S. João e doadores (1425-8)


Essa obra de Masaccio é uma das primeiras pinturas produzidas de acordo com as regras matemáticas da nova perspectiva. Este mural traz a Virgem apontando para o seu filho crucificado e é o único movimento em toda a pintura. O enquadramento em perspectiva no qual as figuras foram dispostas causa, no observador, a sensação que as figuras estão próximas a ele. (Gombrich, 1999).

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a perspectiva cubista

De acordo com Pierre (1968), o cubismo corresponde ao desejo de uma ordem plástica que sucedesse à nebulosa incerteza do impressionismo. Ainda de acordo com esse autor, o cansaço produzido desde 1960 pelos excessos da pintura informal permite compreender a aspiração por uma arte mais serena, objetiva e equilibrada, a qual foi encarnada por Picasso melhor que ninguém.
Historicamente, o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas. O movimento ocorreu entre 1907 e 1914, tendo como principais fundadores Pablo Picasso e Georges Braque.
No princípio, como uma forma de reação ao Fauvismo, Picasso e Braque ignoraram as questões relacionadas à cor e concentraram suas pesquisas na forma, de acordo com Lynton (1966).
Segundo Pischel (1966), os cubistas repudiavam qualquer cópia ou imitação do objeto, uma vez que os sentidos deformam. Assim, era necessário eliminar tudo que se prendesse à sensibilidade subjetiva ou às limitações de um ponto de vista preestabelecido e fixo.
A perspectiva nova adotada pelo cubismo procurava captar a tridimensionalidade dos objetos sem, contudo, ferir a bidimensionalidade da tela (Lynton, 1966). Cézanne conseguia esse efeito com o uso da cor. Picasso e Braque o faziam mediante a fragmentação do objeto em vários planos de formas simples dispostas num espaço pictórico plano. Os artistas procuravam representar a natureza de acordo com formas geométricas.
O cubismo pode ser dividido em dois períodos: o analítico e o sintético. Durante sua fase analítica, o processo artístico introduzido tinha características destrutivas e recreativas, de acordo com Lynton (1966). A integridade individual dos objetos era destruída. Abandonou-se a tradição de um único ponto de vista, ao contrário, utilizavam vários ângulos de visão de um mesmo objeto. O resultado é o realce da função não-representativa das pinturas. O arranjo da composição é, de certa forma, tradicional, focando a atenção no meio da tela e diminuindo no sentido dos cantos. Em relação ao espaço pictórico, os cubistas diminuíam o espaço existente por trás da tela, parecendo projetar algumas das facetas para frente, penetrando no espaço real diante da tela. A fragmentação dos seres foi tão grande, que se tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas. A cor se reduzia aos tons de castanho, cinza e bege. (Lynton, 1966).
A segunda fase cubista, conhecida por cubismo sintético, teve início após a exposição futurista em Paris (1912). Nesta fase os artistas procuravam construir objetos, utilizando tinta e outros materiais, de modo efetivo sobre a tela. Foi uma forma de reação à excessiva fragmentação dos objetos e à destruição de sua estrutura. Também foi chamado de Colagem porque introduziu letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela intenção dos artistas em criar efeitos plásticos que ultrapassassem os limites das sensações visuais que a pintura sugeria, despertando também no observador as sensações táteis. (Lynton, 1966).

Obras de Picasso
Obras de Braque
Obra de Gris

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obra de ruan gris


Retrato de Picasso (1912) - o cubismo de Gris era sempre mais cerebral do que o de Picasso e Braque. Neste quadro de seus primeiros tempos, empregou um tipo arbitrário, mas fixo de luz e sombra contraditórias para desdobrar e coordenar aspectos do tema. Como método, isso deriva do cubismo analítico, mas Gris evita algumas das falhas desse estilo através de sua dedicação à espécie de articulação rigorosamente controlada de toda área pictórica do quadro. (Lynton, 1966).

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obras de braque


Casa de l'Estaque (1908) - interpretação da lição de Cézanne, paisagem surda e destruída de vibrações atmosféricas, construída por meio de volumes geométricos e sintéticos. (Pischel, 1966).



Homem com violão (1911) - a composição piramidal da tela evita, impositivamente, toda sugestão de profundidade e impõe uma unidade arquitetônica que não deixa de trazer à mente as pontas das catedrais góticas.(Pierre, 1968).


O Português (1911) - um notável exemplo do cubismo analítico, mostrando o efeito característico de relevo aberto nesse gênero de pintura e sua tendência para a monocromia - embora Braque, no que talvez seja um estilo peculiarmente francês, inclua matizes delicadamente variados em sua limitada gama de cores, assim como a pincelada muito agradável. A introdução de letras em vários lugares aumenta a ambiguidade espacial do quadro, ao mesmo tempo que acentua também a qualidade ilusória de tudo; salvo as letras. (Lynton, 1966).

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obras de picasso


Les Demoiselles a'Avignon (1907) - a abolição da profundidade espacial, do fundo e os ritmos ásperos e sobressaltantes fazem dessa obra um manifesto anticlássico e desconcertante. As deformações, os perfis em linhas quebradas, as angulações, os achatamentos sumários dos volumes denunciam a influência do redescobrimento da escultura negra - muito mais do que o possa fazer supor a fragmentação analítica e formal do cubismo. (Pischel, 1966).


Mademoiselle Léonie (1910) - à medida que o cubismo foi perdendo o interesse pela massa escultórica e preocupando-se mais com a indicação do contexto espacial dos objetos, a estrutura linear ganhou uma funçaõ cada vez mais decisiva. Isso se pode ver nas pinturas de 1910-11, mas, num trabalho gráfico como este, os recursos formais inventados por Picasso e Braque, para essa culminação do cubismo analítico, mostram-se mais claramente. (Lynton, 1966).


Retrato de Ambroise Vollard (1910) - Nesta obra Picasso recorta e fragmenta a imagem de Vollard, dando à composição rítmo e movimento, uma certa inquietude e expressividade. No retrato cubista analítico de Vollard, Picasso quebra o modelo numa estutura cristalina de facetas interligadas em tonalidades baixas.

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bibliografia

FRANCO, Afonso Arinos de Melo, e outros. O Renascimento.  Editora Agir, Rio de Janeiro. 1977.

LETTS, Rosa Maria. O Renascimento. Circulo do Livro, São Paulo. 1981.

GOMBRICH, Ernest H. A História da Arte. LTC Editora, Rio de Janeiro. 1999.

PIERRE,  José. El Cubismo. Aguilar, Madrid. 1968.

LYNTON, Norbert. Arte Moderna. Editora Expressão e Cultura, Rio de Janeiro. 1966.

PISCHEL, Gina. História Universal da Arte 3. Melhoramentos, São Paulo. 1966.

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